Santa Casa de Porto Alegre faz milésimo transplante renal pediátrico e celebra 30 anos do 1º transplante cardíaco
A Santa Casa de Porto Alegre atingiu dois marcos importantes em setembro: o milésimo transplante renal pediátrico e os 30 anos do primeiro transplante cardía...

A Santa Casa de Porto Alegre atingiu dois marcos importantes em setembro: o milésimo transplante renal pediátrico e os 30 anos do primeiro transplante cardíaco. Apesar dos avanços, o desafio continua: quase metade das famílias recusa a doação de órgãos. No estado, 15 pessoas aguardam por um coração e quase 1.500 por um rim. Três anos separam as datas mais marcantes para Ademar Lagranha e Isaac Nunes. O menino Isaac fez um transplante de rim em 2017, após quatro anos de tratamento. Já Ademar recebeu um novo coração em 2020, em plena pandemia de Covid. “Foi em 2012 que eu descobri que tinha miocardiopatia dilatada. No final de 2019, comecei a piorar muito e entrei na fila. A doutora disse que meu único remédio era o transplante”, conta Ademar. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp A mãe de Isaac, Raquel Nunes, lembra do medo no início. “É bem desafiador porque é uma coisa nova. A palavra que define é medo: do desconhecido, do que vai acontecer”, diz. Uma semana após a cirurgia, Isaac já mostrava sinais de melhora. “Ele não comia, usava sonda. Logo depois do transplante, perguntou o que a gente estava comendo. Isso é muito significativo”, relata. Isaac e Ademar receberam órgãos transplantados Reprodução/RBS TV Avanços e desafios Segundo a coordenadora do serviço de Transplante Cardíaco, Joana Junqueira, os números reforçam a importância do trabalho. “Essa data solidifica nosso trabalho. O serviço começou em 1995 e, só nos últimos dois anos, fizemos 15 transplantes cardíacos”, afirma. A chefe da Nefrologia Pediátrica, Clotilde Druck Garcia, destaca a evolução dos medicamentos. “Na década de 70, a rejeição era metade dos casos. Hoje, menos de 10%. Temos um arsenal de medicações e escolhemos a melhor para cada paciente”, explica. Apesar dos avanços, a falta de órgãos ainda é um desafio. Quase metade (46%) dos potenciais doadores não se efetiva por recusa das famílias. No estado, 15 pessoas aguardam por um coração e 1.486 por um rim. Santa Casa já realizou mais de mil transplantes renais pediátricos Reprodução/RBS TV Incentivo à doação Para reduzir a fila, desde 2023 é possível registrar a vontade de doar órgãos pela internet, com validade nacional. “Quando a família vê que a pessoa manifestou esse desejo, fica mais fácil autorizar”, afirma Rita Bervig, presidente do Colégio Notarial do RS. Mais de 850 gaúchos já fizeram a declaração. O registro também pode ser feito gratuitamente em tabelionatos do estado. Nova vida Hoje, Isaac, com 13 anos, sonha em ser programador ou professor de matemática. Já Ademar, aos 65, comemora duas datas especiais: o aniversário e o dia do transplante. “Me sinto com 30 anos. Posso fazer de tudo. Essa é uma nova vida”, afirma. Santa Casa já realizou mais de mil transplantes renais pediátricos Reprodução/RBS TV Transplantada se casa em hospital durante internação VÍDEOS: Tudo sobre o RS